Major José Eduardo Natale, que ofereceu água aos golpistas, afirmou que se tratava de uma técnica de gerenciamento de risco. Militares foram ouvidos pela polícia por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Porto Velho, RO - Em depoimento à Polícia Federal neste domingo (23), militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) disseram que não efetuaram prisões de invasores do Palácio do Planalto porque a situação envolvia "risco de vida".
O GSI é responsável pela segurança do presidente e do patrimônio da Presidência da República. A PF ouviu nove militares neste domingo, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes é relator de uma investigação dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Na semana passada, foram divulgadas imagens até então inéditas do circuito interno do Palácio do Planalto. Elas mostraram servidores do GSI circulando entre os golpistas. A divulgação das imagens levou à demissão do general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI.
A investigação procura saber se houve algum tipo de colaboração com os golpistas. Todo o material do circuito interno foi divulgado pelo GSI no sábado (22), também por ordem de Moraes.
As imagens mostram os agentes conversando com os invasores, mas também há momentos em que os servidores do GSI orientam os invasores a sair das salas e gabinetes.
Entrega de água
Em um dos trechos do circuito interno, o major José Eduardo Natale entrega água aos invasores. À PF, ele afirmou que se tratava de uma técnica de gerenciamento de crise.
Ele disse ainda que os golpistas entraram atrás dele na cozinha de uma das salas da Presidência exigindo água.
Os militares alegaram que os golpistas eram muitos, e que o efetivo do GSI não era suficiente. Relataram ainda que a estratégia era fazer uma "limpeza" de cima para baixo. Ou seja, retirar extremistas dos andares superiores para serem presos no segundo andar.
Militares que prestaram depoimento
Os militares que prestaram depoimento constam em uma lista enviada pelo GSI ao STF. Essa lista aponta servidores do órgão que estavam no Planalto no dia da invasão. Não significa que o GSI vê culpa dos militares. Isso só será eventualmente apontado após a investigação.
São eles:
1 Carlos Feitosa Rodrigues, ex-secretário de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI
2 Wanderli Baptista da Silva Júnior, ex-diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI
3 Alexandre Santos de Amorim, coordenador de Avaliação de Riscos do GSI
4 André Luiz Garcia Furtado, coordenador-geral de Segurança de Instalações do GSI
5 Alex Marcos Barbosa Santos, adjunto da Coordenação Geral de Segurança de Instalações do GSI
6 Marcus Vinícius Bras de Camargo, chefe da Assessoria Parlamentar do GSI
7 José Eduardo Natale de Paula Pereira, ex-coordenador de Segurança das Instalações Presidenciais de Serviço do GSI
8 Adilson Rodrigues da Silva, auxiliar da Coordenação Geral de Segurança de Instalações do GSI
9 Laércio da Costa Júnior, encarregado de Segurança de Instalações do Palácio do Planalto
Fonte: G1
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