Moraes determina preservação rigorosa de provas da Operação Contenção, que deixou 121 mortos no Rio

Moraes determina preservação rigorosa de provas da Operação Contenção, que deixou 121 mortos no Rio

Ministro do STF marca audiência com entidades de direitos humanos - 

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Porto Velho, RO - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, neste domingo (2), a preservação “rigorosa e integral” de todos os elementos materiais relacionados à Operação Contenção, que resultou em 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. A incursão, realizada na última terça-feira (28), foi a mais letal da história do estado.

A decisão do ministro abrange perícias e cadeias de custódia e atende a um pedido da Defensoria Pública da União (DPU). Moraes determinou ainda que o Ministério Público tenha controle e acesso aos elementos materiais, assegurando o compartilhamento das informações também com a DPU no estado.

A medida foi tomada no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, proposta em 2019 pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). A ação discute a letalidade das operações policiais nas comunidades do Rio.

Segundo Moraes, a determinação segue o entendimento do Plenário do STF, que fixou a necessidade de preservação de vestígios de crimes e da independência técnica das perícias em investigações de mortes decorrentes de ações policiais. O governador Cláudio Castro será intimado ainda neste domingo para garantir o cumprimento da decisão.

Em abril deste ano, o Supremo já havia estabelecido diversas medidas para reduzir a letalidade policial no estado. O monitoramento do cumprimento das decisões ficou a cargo da DPU e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), entre outros órgãos.

A Operação Contenção reacendeu o debate sobre a ADPF das Favelas. A ação policial teve como objetivo conter o avanço da facção Comando Vermelho. Após a operação, o governador Cláudio Castro voltou a criticar o STF e chamou a ADPF de “maldita”.

Moraes marcou para esta segunda-feira (3) uma reunião com o governador e outras autoridades para discutir a operação. Durante o encontro, Castro deverá apresentar 18 esclarecimentos solicitados pelo ministro.

Audiência pública na quarta-feira

O ministro também convocou uma audiência conjunta para a próxima quarta-feira (5), às 10h, na sala da Primeira Turma do STF. Participarão representantes de órgãos públicos e entidades de direitos humanos, entre eles:

  • Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH);

  • Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj;

  • Instituto Anjos da Liberdade;

  • Conectas Direitos Humanos;

  • Redes da Maré;

  • Educafro;

  • Justiça Global;

  • Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência;

  • Coletivo Fala Akari;

  • Coletivo Papo Reto;

  • Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial;

  • Movimento Negro Unificado (MNU);

  • Centro pela Justiça e o Direito Internacional (Cejil);

  • Laboratório de Direitos Humanos da UFRJ.

No mesmo despacho, Moraes indeferiu pedidos de novas entidades para ingressar como amicus curiae (colaboradores do processo) e para participar de audiências agendadas para 3 de novembro de 2025.

Fonte: Agência Brasil

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