Porto Velho, RO - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou nesta terça-feira (4), em São Paulo, que o governo federal segue comprometido com o equilíbrio das contas públicas e classificou como “um delírio” as críticas de que o país não cumprirá suas metas fiscais.
“Vamos entregar o melhor resultado fiscal do país em quatro anos, mesmo pagando tudo o que não se pagou de calote do governo anterior. E a impressão que se dá é que estamos vivendo uma crise fiscal. Isso é um delírio que eu preciso entender do ponto de vista psicológico, porque do ponto de vista econômico eu não consigo entender”, declarou o ministro durante o COP30 Business & Finance Fórum, promovido pela Bloomberg Philanthropies.
Segundo Haddad, há “um jogo contra o Brasil” e “muita torcida contra”, mas o governo não pretende recuar dos objetivos fiscais estabelecidos.
“Nós não vamos recuar dos objetivos de colocar as contas em ordem, que estão desorganizadas desde 2015”, afirmou.
“Ambiente de negócios favorável”
Durante sua participação no evento, o ministro destacou que o Brasil vive um momento de atração de investimentos, resultado de medidas estruturantes como a reforma tributária.
“Nós nunca tivemos tantos leilões na B3 de rodovias e de infraestrutura, de uma maneira geral, como tivemos nesses três anos. O Ministério dos Transportes, por exemplo, vai duplicar a média dos quatro anos anteriores em termos de oferta de negócios”, ressaltou Haddad.
Ele também citou a reforma sobre a renda como um fator que deve contribuir para a redução das desigualdades e para o crescimento econômico.
“Estamos para votar uma nova etapa da reforma da renda no Brasil. A desigualdade no Brasil é um impedimento para o crescimento. Não existe crescimento com esse nível de desigualdade. Mas nós estamos corrigindo isso”, afirmou.
Críticas à taxa de juros
O ministro voltou a defender a redução da taxa básica de juros (Selic), atualmente fixada em 15%, argumentando que o nível atual é insustentável diante da inflação controlada.
“Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar a taxa de juros, elas vão ter que cair. Não tem como sustentar 10% de juros real com inflação de 4,5%”, disse Haddad.
Mesmo com juros elevados, o ministro afirmou que o governo está tranquilo com o cenário econômico e projetou bons resultados até o fim do mandato.
“Podemos entrar bem em 2026, tranquilos. Podemos terminar o mandato com indicadores muito superiores aos de outros países. Podemos controlar a dívida pagando menos juros. Esse juro todo tem impacto, inclusive, sobre a inflação”, avaliou.
Expectativa sobre o STF e responsabilidade fiscal
Haddad também comentou o julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode ampliar o alcance da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), proibindo o Congresso de criar despesas sem indicar a fonte de custeio.
“Será uma revolução se o Congresso não puder criar despesas sem apontar a fonte de receita”, afirmou o ministro.
Fonte: Agência Brasil