Haddad promete medidas de proteção a setores afetados nos próximos dias: 'Nada do que foi anunciado não pode ser revisto'

Haddad promete medidas de proteção a setores afetados nos próximos dias: 'Nada do que foi anunciado não pode ser revisto'

Governo prepara um plano de proteção a setores afetados, que deve sair nos próximos dias. Segundo Haddad, o governo também vai recorrer da decisão sobre o tarifaço tanto nos Estados Unidos quanto em organismos internacionais.


Haddad diz que plano de proteção de empregos será lançado nos próximos dias

Porto Velho, RO - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (31) que o decreto que formaliza a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros acabou sendo melhor do que o esperado.

Segundo ele, o anúncio norte-americano representa um "melhor ponto de partida" para as negociações que terão prosseguimento.

Veja o vídeo abaixo:

https://g1.globo.com/bom-dia-brasil/video/haddad-diz-que-plano-de-protecao-de-empregos-sera-lancado-nos-proximos-dias-13802933.ghtml

Haddad, no entanto, avalia que há setores afetados em situação "dramática" (entenda mais abaixo).

De acordo com cálculos da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), com uma lista de exceções de 694 produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos do tarifaço, cerca de 43% das vendas feitas aos norte-americanos no ano passado não foram afetadas.

Em entrevista na portaria do Ministério da Fazenda, ele afirmou que "nada do que foi anunciado ontem [pelos EUA] não pode ser revisto".

"Na nossa opinião, houve sensibilidade para algumas considerações que já havíamos feito mais de uma vez. Que isso não ia só afetar o trabalhador brasileiro, que ia afetar o consumidor americano. Algumas das nossas observações foram apreciadas e contempladas, mas estamos longe do ponto de chegada. Estamos em um ponto de partida mais favorável do que se imaginava, mas longe do ponto de chegada", disse Haddad.

O decreto assinado nesta quarta-feira (30) pelo presidente Donald Trump elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.

Veja o vídeo abaixo:

https://g1.globo.com/bom-dia-brasil/video/tarifaco-atinge-43-do-valor-total-do-que-e-exportado-para-eua-13802925.ghtml

Tarifaço atinge 43% do valor total do que é exportado para EUA


Casos 'dramáticos'

Pela decisão do presidente Donald Trump, setores como o de café, carne bovina e frutas devem sentir o impacto com força, pois sofrerão com uma alíquota adicional de 50% em suas vendas aos Estados Unidos.

De acordo com Haddad, há casos "dramáticos" entre os afetados.

"Há muita injustiça nas medidas anunciadas ontem, há correções a serem feitas. Há setores que não precisariam estar sendo afetados. Nenhum a rigor, mas há casos que são dramáticos, que deveriam ser considerados imediatamente", declarou o ministro da Fazenda.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (30), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) informou que a aplicação de uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros compromete a viabilidade econômica das exportações ao mercado norte-americano.

O decreto não prevê isenção na taxação para a carne bovina que já está sob alíquota de 26,4%. Os EUA importaram 229 mil toneladas de carne em 2024. Para 2025, a previsão era atingir 400 mil toneladas.

"A entidade está em diálogo com os importadores norte-americanos e colabora com o governo federal na busca de uma solução negociada. Reforça a importância de preservar o fluxo comercial com os EUA, que enfrentam atualmente o menor ciclo pecuário dos últimos 80 anos", informou a Abiec.



Ajuda a setores afetados

O ministro da Fazenda também afirmou que o governo segue trabalhando em uma ajuda aos setores afetados pelo tarifaço, que será anunciada nos próximos dias — com foco na indústria, na manutenção de empregos e no setor do agronegócio.

"Parte do nosso plano previsto vai ser apreciado para ser lançado nos próximos dias, de apoio, proteção à indústria brasileira, aos empregos no Brasil, ao agro também quando for o caso (...) À luz do que foi anunciado ontem [por Trump], vamos fazer a calibragem para que isso possa acontecer o mais rápido possível. Os atos já estão sendo preparados aqui na Fazenda para encaminhamento à Casa Civil", disse Haddad a jornalistas.

Entre as medidas, segundo Haddad, haverá linhas de crédito aos setores que tiverem suas vendas externas aos Estados Unidos sobretaxadas. "Vamos analisar caso a caso", disse o ministro.

Ele não confirmou novas ações, mas o ministro já havia informado nesta semana que um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da Covid-19, pode estar na mesa.

Na época, o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações. É uma opção que está na mesa.

Se as medidas emergenciais adotadas durante a pandemia servirem de modelo para a área econômica, também pode ser adotado um adiamento de tributos, ou seja, uma prorrogação de prazos para pagamento de impostos como Simples Nacional, FGTS e INSS patronal, e suspensão de infrações pelo não recolhimento. Essas ações, porém, não estão confirmadas.

Brasil vai recorrer

O ministro Haddad afirmou, também, que o Brasil vai recorrer da decisão sobre o tarifaço tanto nos Estados Unidos quanto em organismos internacionais.

"Vamos levar às autoridades americanas os nossos pontos de vista, e obviamente vamos recorrer nas instancias devidas tanto nos Estados Unidos, quanto nos organismos internacionais, dessas decisões no sentido de sensibilizar que isso não interessa não só ao Brasil, mas à América do Sul", declarou ele.
Fonte: G1

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem