Simulação da NASA confirma que vento solar pode gerar água na Lua, validando teoria de 60 anos

Simulação da NASA confirma que vento solar pode gerar água na Lua, validando teoria de 60 anos

Descoberta tem implicação para operações de astronautas


Marcello Casal jr/Agência Brasil



Porto Velho, Rondônia - Uma simulação laboratorial da Nasa, a agência espacial norte-americana, confirma uma previsão de 60 anos, de que o Sol é uma fonte dos componentes que compõem a água presente na Lua.

Segundo a teoria, quando um fluxo de partículas carregadas, conhecido como vento solar, atinge a superfície lunar, desencadeia uma reação química que pode gerar moléculas de água, informou nessa terça-feira (15) a agência Europa Press.

A descoberta, escreveram os investigadores em artigo publicado na revista JGR Planets, tem implicações para as operações dos astronautas no Polo Sul lunar, no programa Artemis da Nasa.

Acredita-se que grande parte da água da Lua, um recurso crucial para a exploração, está congelada em regiões permanentemente à sombra dos pólos.
“O mais interessante é que, com apenas solo lunar e um bloco de construção do Sol, que está sempre a libertar hidrogênio, existe a possibilidade de criar água”, destacou Li Hsia Yeo, investigadora do Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa em Greenbelt, Maryland, citada em comunicado.
O vento solar flui constantemente do Sol. É composto principalmente por prótons, que são núcleos de átomos de hidrogênio que perderam os seus elétrons.

Viajando a mais de 1 milhão de quilômetros por hora, o vento solar banha todo o sistema solar. Evidências disso são registradas na Terra quando ela ilumina o céu com as famosas auroras boreal ou austral.

Medições de sondas espaciais já sugeriram que o vento solar é o principal responsável pela formação de água, ou dos seus componentes, na superfície lunar.

Uma pista importante, confirmada pela experiência da equipe de Yeo: a assinatura espectral da Lua está relacionada com as mudanças na água ao longo do dia.

Em algumas regiões, é mais intensa nas manhãs mais frias e enfraquece à medida que a superfície aquece, provavelmente porque as moléculas de água e hidrogênio se movem ou escapam para o espaço.

À medida que a superfície arrefece novamente à noite, o sinal atinge o seu pico. Esse ciclo diário indica uma fonte ativa — provavelmente o vento solar — que reabastece pequenas quantidades de água na Lua todos os dias.

Para testar isso, Yeo e o seu colega, Jason McLain, um cientista investigador da Nasa Goddard, construíram um aparelho para examinar as amostras lunares da Apollo.

Pela primeira vez, o dispositivo acolheu todos os componentes da experiência no seu interior: um dispositivo de feixe de partículas solares, uma câmara sem ar simulando o ambiente lunar e um detector de moléculas.

A invenção permitiu aos investigadores evitar ter de retirar a amostra da câmara, como ocorreu em outras experiências, e expô-la à contaminação da água no ar.

Utilizando pó de duas amostras diferentes recolhidas na Lua pelos astronautas da Apollo 17 da Nasa, em 1972, Yeo e os colegas assaram primeiro as amostras para remover qualquer possível água que pudessem ter recolhido entre o armazenamento hermético na Instalação de Preservação de Amostras Espaciais da Nasa, no Centro Espacial Johnson, em Houston, e o laboratório Goddard.

Em seguida, usaram um pequeno acelerador de partículas para bombardear o pó com vento solar simulado durante vários dias – o equivalente a 80 mil anos na Lua, com base na elevada dose de partículas utilizada.

Utilizaram um detector chamado espectômetro para medir a quantidade de luz refletida pelas moléculas de poeira, o que mostrou como a composição química das amostras mudou ao longo do tempo.

Por fim, a equipe observou uma diminuição do sinal de luz refletido do seu detector, precisamente no ponto da região infravermelha do espectro eletromagnético (cerca de 3 mícrons) onde a água normalmente absorve energia, deixando um sinal revelador.


FONTE - News Rondônia. 

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