Porto Velho, RO - O Itaú Unibanco, maior banco privado do Brasil, moveu uma ação judicial contra seu ex-diretor financeiro, Alexsandro Broedel, acusando-o de atuar em grave conflito de interesses e violar políticas internas da instituição. O processo foi protocolado no dia 6 de dezembro de 2024, após uma investigação interna que identificou supostas irregularidades na conduta do executivo.
De acordo com as acusações, Broedel teria se beneficiado indevidamente de pagamentos que somam R$ 4,86 milhões, relacionados a serviços de consultoria aprovados durante sua gestão como CFO do banco. O caso também foi notificado ao Banco Central do Brasil, órgão regulador do sistema financeiro nacional.
A investigação aponta que o ex-diretor teria aprovado pagamentos que totalizaram R$ 10,5 milhões a um parecerista, identificado como Eliseu Martins, tendo posteriormente recebido parte desses recursos através de uma participação nos pagamentos realizados.
Martins e Broedel estão sendo processados na mesma ação. Na função de diretor do Itaú, Broedel contratava a Care, outra empresa de consultoria de Martins, e assim prestava serviços para o banco. A cobrança era feita pela Care, que por sua vez repassava 40% do valor recebido para outra empresa, chamada Evam (de propriedade Martins e de seus filhos). Por fim, segundo o esquema descrito, A Evam fazia pagamentos para Broedel, tanto para ele como pessoa física quanto na pessoa jurídica.
“De junho de 2019 a junho de 2024, Broedel contratou 40 pareceres junto à Care (sociedade cujos sócios são Eliseu Martins e seu filho, Eric Martins). Por conta de tais contratações, foram realizados pelo Itaú 21 pagamentos, que somam o valor de R$13,2 milhões […] Todos os pagamentos foram aprovados por Broedel junto aos sistemas mantidos pelo Itaú, utilizando-se das alçadas do seu cargo”.
Veja a ata abaixo:
Ata Itau Unibanco 72.4KB ∙ PDF fileDownload
A ata em que a decisão é relatada informou que seria ajuizado em 6 de dezembro de 2024 um “protesto interruptivo de prescrição, medida preparatória a fim de preservar e resguardar os direitos” da instituição. Como consequência, ficou determinado que “sejam tomadas todas as medidas legais cabíveis contra o ex-administrador, o fornecedor e todos os demais que concorreram para os fatos apurados, perante todos os órgãos e instâncias competentes, nas esferas administrativa e judicial”
O banco está estudando a possibilidade de mover uma ação civil contra o ex-executivo, após identificar possíveis indícios de crime nas condutas investigadas. Por sua vez, os acusados contestam os argumentos apresentados pela instituição financeira
Eduardo Tracanella foi demitido após 27 anos de banco
Em um caso separado, mas igualmente significativo, o banco também demitiu recentemente seu diretor de marketing, Eduardo Tracanella, após 27 anos de casa. O desligamento ocorreu devido a supostos casos reincidentes de uso irregular do cartão corporativo para despesas pessoais. A decisão foi comunicada a aproximadamente 400 executivos do banco, demonstrando a política de tolerância zero da instituição para desvios éticos.
O caso Broedel, junto com a recente demissão do diretor de marketing, representa um dos mais significativos conflitos entre uma instituição financeira brasileira e seus ex-executivos de alto escalão nos últimos anos, chamando a atenção do mercado financeiro para questões de governança corporativa e compliance.
Alexsandro Broedel se defendeu por meio de sua assessoria de imprensa: “Sobre acusações infundadas e sem sentido feitas pelo Itaú a Alexsandro Broedel, informamos que Alexsandro Broedel sempre se conduziu de forma ética e transparente em todas as atividades ao longo dos seus 12 anos no banco – algo nunca contestado pelo Itaú, que tem uma rigorosa e abrangente estrutura de controle e compliance, própria de um grupo financeiro com seu porte e importância na economia brasileira.
O parecerista mencionado pelo Itaú já prestava serviços ao banco há décadas, muito antes de Broedel ser convidado para a diretoria da instituição. Os serviços mencionados eram do conhecimento do Itaú e requeridos por diferentes áreas do banco.
Causa profunda estranheza que o Itaú levante a suspeita sobre supostas condutas impróprias somente depois de Broedel ter apresentado a renúncia aos seus cargos no banco para assumir uma posição global em um dos seus principais concorrentes, cumprindo o período de quarentena definido pelo banco. Alexsandro Broedel tomará as medidas judiciais cabíveis neste caso”.
Fonte: Painel Político
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