Três ministros peruanos renunciam em meio a 'Rolexgate', investigação que mira presidente

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Três ministros peruanos renunciam em meio a 'Rolexgate', investigação que mira presidente

Dina Boluarte é investigada por suposto enriquecimento ilícito envolvendo relógios de luxo não declarados

Porto Velho, RO - Três ministros peruanos renunciaram, nesta segunda-feira, em meio a uma investigação que tem como alvo a presidente Dina Boluarte por suposto enriquecimento ilícito relacionado a relógios de luxo que ela não teria declarado como bens.

O ministro do Interior, Víctor Torres, foi o primeiro a entregar o cargo e, horas depois, foi seguido pela ministra da Educação, Miriam Ponce, e pela ministra da Mulher, Nancy Tolentino, que anunciaram suas decisões na rede social X.

"Eu coordenei com a senhora presidente e estou saindo porque pedi e a senhora concordou", disse Torres ao deixar o palácio presidencial após participar pela última vez do conselho de ministros.

Torres, que ocupava o cargo desde 21 de novembro, alegou problemas familiares para se desvincular do governo de Dina Boluarte, investigada pelo Ministério Público.

Questionado pelo aumento da insegurança cidadã, o ministro atuava como responsável máximo pela polícia, que realizou no fim de semana, juntamente com o Ministério Público, a busca e apreensão na residência e no gabinete de Dina, no contexto do chamado "Rolexgate".

Segundo a imprensa, um setor do gabinete havia pedido a Torres para remover o coronel que liderou a operação de busca.

O governo registra, assim, três renúncias seguidas desde que o escândalo veio à tona, em meados de março, devido a uma publicação jornalística que revelou o uso de vários relógios Rolex pela presidente, 61 anos.

— Se a senhora sai, o Peru afunda — comentou o ministro, referindo-se ao pedido de destituição apresentado por grupos de oposição que não detêm a maioria no Congresso. — A senhora não tem nada a esconder. Saio em paz, com as mãos limpas.

As renúncias ocorrem quando o novo primeiro-ministro, Gustavo Adrianzén, e seu remodelado gabinete devem comparecer na quarta-feira ao Congresso para pedir um voto de confiança, em uma apresentação prevista há um mês.

Boluarte diante do Ministério Público

Após a busca na residência e no escritório presidencial da presidente, onde não foram encontrados relógios Rolex, o Ministério Público intimou Boluarte a apresentá-los na sexta-feira.

"A presidente da República foi formalmente citada para exibir os relógios Rolex e prestar depoimento na sexta-feira, 5 de abril", disse o Ministério Público em comunicado divulgado no domingo no X.

Em resposta, Boluarte pediu para fazer sua declaração à autoridade o mais breve possível para "esclarecer os fatos" em meio à "turbulência política que vem ocorrendo".

O Ministério Público a investiga por suposto enriquecimento ilícito, pois ela não teria declarado a posse dos relógios em seus bens. As investigações começaram em 18 de março, após uma denúncia jornalística.

A defesa da presidente havia afirmado no sábado que os policiais encontraram alguns relógios durante as operações no Palácio do Governo, mas nenhum Rolex.

'Ataque à democracia'

A presidente classificou a ação do Ministério Público como "arbitrária, desproporcional e abusiva".

Boluarte afirmou que está sendo atacada sistematicamente e, portanto, "é um ataque à democracia e ao estado de governo, gerando instabilidade política, social e econômica".

Caso o Ministério Público a acuse de enriquecimento ilícito, Boluarte só responderia em um eventual julgamento após julho de 2026, quando termina seu mandato, conforme estabelece a Constituição.

No entanto, o escândalo pode resultar em um pedido de impeachment pelo Congresso, alegando "incapacidade moral". Para que isso ocorra, os partidos de direita que controlam o Parlamento unicameral e são o principal apoio da mandatária devem apoiar os partidos de esquerda minoritários em uma aliança, teoricamente difícil de concretizar.

No sábado, 26 dos 130 congressistas da bancada de esquerda, incluindo o partido ao qual Boluarte pertencia, apresentaram uma "moção de vacância" contra a presidente à mesa diretora do Parlamento. Mas para ser levada a debate, deve primeiro ser aprovada por mais de cinquenta legisladores.

Boluarte era vice-presidente até assumir a presidência em 7 de dezembro de 2022, depois que o Congresso destituiu o presidente de esquerda Pedro Castillo por sua tentativa de dissolver o Parlamento e governar por decreto.


Fonte: O GLOBO

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