Prefeitura anula eleição para conselhos tutelares

Prefeitura anula eleição para conselhos tutelares

Inconsistência de cerca de quatro mil votos em relação ao número de eleitores cadastrados motivou decisão da prefeitura

Porto Velho, RO - A eleição para a formação dos Conselhos Tutelares de Belo Horizonte foi anulada nesta segunda-feira (9/10) pela prefeitura da capital. Alegando uma inconsistência entre eleitores cadastrados e votos computados, o Executivo Municipal decidiu cancelar o pleito ocorrido em 1%u2070 de outubro e marcar nova votação para 3 de dezembro.

O anúncio foi feito nesta tarde pela secretária de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, Rosilene Rocha, que apontou que a decisão foi tomada com participação do prefeito Fuad Noman (PSD). A eleição para conselheiro tutelar foi marcada por inconsistências no sistema fornecido pela Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel). O programa eletrônico ficou fora do ar provocando problemas em todas as nove regionais da cidade, causou filas e desistência de eleitores.

Após recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Prefeitura de Belo Horizonte decidiu, ainda durante o domingo da eleição, que o pleito teria duração estendida por uma hora e meia e a votação seria finalizada em células de papel.

Na segunda-feira (2/10) seguinte à votação, Fuad Noman chegou a declarar que não houve qualquer prejuízo à lisura da eleição provocado pela falha no sistema. O entendimento da prefeitura, no entanto, foi alterado após reuniões com representantes da Prodabel, da Secretaria de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). Foi verificada uma inconsistência de cerca de quatro mil votos entre os cadastros feito pelos eleitores no dia da votação e os votos computados.

A eleição de 2023 foi o 10º processo de escolha de conselheiros tutelares de Belo Horizonte e a segunda quebra de recorde seguida na adesão dos eleitores da capital mineira ao pleito. Foram 49.855 votos que não serão levados em conta na formação dos conselhos a partir de 10 de janeiro do ano que vem. De acordo com o CMDCA, houve uma discrepância de cerca de quatro mil votos entre cadastros e eleitores que realmente computaram suas escolhas.

Responsabilidade jogada para a Câmara

Um dos pontos mais criticados no processo eleitoral de Belo Horizonte foi a não adoção do sistema da Justiça Eleitoral e a opção por um programa próprio desenvolvido pela Prodabel. A prefeitura alega que a legislação da cidade determina que os eleitores se cadastrem nos pontos de votação no dia do pleito, o que impede a utilização de urnas eletrônicas. Isso porque os equipamentos do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) exigem um cadastramento prévio para a atualização da base de dados do sistema, que é carregado antes da eleição e fica desconectado de qualquer sistema online.

A adoção das urnas eletrônicas junto ao TRE está condicionada à aprovação de um Projeto de Lei (PL) que será enviado nesta terça-feira (10/10) pela prefeitura à Câmara Municipal de BH. O projeto prevê a alteração da legislação no trecho que, segundo o Executivo, impede a adoção do sistema da Justiça Eleitoral.

“A lei de Belo Horizonte exige que você chegue lá e faça o cadastro e, aí, se você faz o cadastro no dia, não tem como carregar a urna porque a urna tem que ser carregada previamente como nas eleições gerais porque ela só trabalha offline”, explicou Rosilene Rocha.

A secretária prosseguiu dizendo que espera uma articulação entre prefeitura e câmara para uma rápida apreciação e aprovação do PL: “Olha eu acho que esse é um esforço que o secretário de governo e, evidentemente, o prefeito de Belo Horizonte vão fazer. Eu espero que os vereadores, vendo todo o processo e as dificuldades que temos, que a gente possa desta vez aprovar essa essa operação, ela é muito importante para a cidade”.

Ainda segundo a prefeitura, mesmo que o projeto seja aprovado na Câmara antes de 3 de dezembro, não há uma garantia de que as eleições aconteçam com o sistema da Justiça Eleitoral, pois pode não haver tempo hábil para o carregamento das urnas com o cadastro atualizado de eleitores.

A reportagem procurou o TRE-MG para um posicionamento acerca do tema, mas não teve resposta até a última atualização desta matéria. Segundo, o Executivo Municipal, caso não seja possível usar as urnas, a votação de 3 de dezembro será feita usando cédulas de papel.

Em nota, a Câmara Municipal de Belo Horizonte afirmou que espera contar com apoio da Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) na análise do PL para garantir a lisura na apreciação do texto. O presidente do Legislativo, Gabriel Azevedo (sem partido) , se posicionou garantindo a celeridade na tramitação do projeto.

Além de atuar para que o sistema da Justiça Eleitoral seja adotado na eleição da capital, a Câmara Municipal também afirmou que vai discutir uma Proposta de Emenda à Lei Orgânica para que a gratuidade no transporte público durante o próximo pleito.

“A presente proposta visa garantir o exercício pleno da democracia por toda a população de Belo Horizonte ao conceder a gratuidade do transporte público coletivo de passageiros no dia em que for realizado o Processo de Escolha dos Membros dos Conselhos Tutelares”, disse nota enviada pelo Legislativo.

A anulação do pleito em que foram verificadas inconsistências foi solicitada pela Defensoria Pública de Minas Gerais à prefeitura no dia seguinte à votação. Diante de uma primeira resposta negativa do Executivo, a DPMG acionou a Justiça para conseguir a marcação de nova votação e com o uso do esquema do TRE.

Fonte: Estado de Minas

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