Presidente eleito do Paraguai diz que quer ampliar papel de Itaipu no desenvolvimento do país

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Presidente eleito do Paraguai diz que quer ampliar papel de Itaipu no desenvolvimento do país


Santiago Peña deu a declaração após reunião com Lula em Brasília. Brasil e Paraguai discutem revisão de acordo sobre hidrelétrica na fronteira entre os dois países.

Porto Velho, RO - O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, afirmou nesta terça-feira (16) que quer ampliar o papel da hidrelétrica binacional de Itaipu no desenvolvimento paraguaio.


Peña deu a declaração após se reunir com o presidente Lula no Palácio do Planalto. Eleito no fim de abril, ele tomará posse na presidência do Paraguai em agosto.

Brasil e Paraguai debatem a revisão do acordo sobre a empresa – localizada na fronteira paraguaia com o Brasil.

"Como desenvolvemos o Paraguai? Não é com uma política rentista, vendendo energia. Mas utilizando a energia. Paraguai tem o desafio de utilizar a energia. Itaipu pode ser uma fonte de desenvolvimento", afirmou Peña a jornalistas.

O presidente eleito do Paraguai disse ainda que a revisão do acordo entre Brasil e Paraguai não pode ser feito apenas com base em uma relação mercantilista.


"Nossa conversa não pode estar somente embasada em investimentos ou em dinheiro, tem que ser realmente um processo de integração", afirmou.


Revisão das condições do acordo

Peña afirmou que, como presidente do Paraguai, terá a missão de gerar 500 mil empregos nos próximos cinco anos. E que, para isso, é preciso melhorar a disponibilidade de capital humano, a educação e a saúde no país.

Peña indicou que medidas que facilitem esses objetivos podem ser discutidas nas negociações com o Brasil.

"Claro, tem que revisar, está no tratado. Em 13 de agosto, dois dias antes de eu assumir a Presidência, inicia-se o processo estabelecido no tratado. Isso está estabelecido no Anexo C, que são as condições financeiras, mas nada impede que possamos discutir todo o tratado. Anexo A, anexo B, o tratado em si, que no passado também foi sujeito a revisões. Não estamos limitados em ver as condições financeiras, mas temos que definir qual rol que vai cumprir o empreendimento binacional", afirmou.


O Anexo C do acordo, firmado em 1973, prevê a revisão dos termos financeiros diante o pagamento das dívidas relativas à construção da hidrelétrica. Em fevereiro, a Itaipu Binacional pagou a última parcela da dívida da construção da usina hidrelétrica.


Brasil e Paraguai já discutiram de forma prévia a compra da energia usada pela usina. Em 2019, na gestão de Jair Bolsonaro, essa compra gerou uma crise que quase levou ao impeachment do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.

Naquele ano, os governos brasileiro e paraguaio assinaram uma ata que, na prática, faria o Paraguai pagar mais caro pela energia de Itaipu. A crise provocada pela divulgação do negócio fez com que os dois países voltassem atrás.


Integração continental


O presidente eleito do Paraguai também se disse favorável ao processos de integração do continente e se comprometeu a participar de espaços de discussões multilaterais.


"Tenho uma vocação de integração e disse [a Lula] que pode contar comigo neste processo de integração e temos que ser respeitosos com as visões de cada líder eleito por mandato popular. Não podemos ideologizar as relações diplomáticas", afirmou.


Santiago Peña também reafirmou a intenção de restabelecer relações com a Venezuela, mesmo sendo crítico à condução da política interna do país.


Outros temas


Segundo o Palácio do Planalto, no encontro, Lula e Peña discutiram, além de Itaipu, questões relacionadas ao acordo entre Mercosul e União Europeia e enfrentamento ao crime organizado na fronteira.


Questionado sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, Santiago Peña afirmou que o Paraguai é favorável ao acordo entre os dois grupos de países, mas que compartilha a visão do Brasil de que algumas condições da UE em questões ambientais são muito "duros".


"Estamos a favor deste acordo e compartilhamos a visão do Brasil que algumas restrições, em especial em termos ambientais, são muito duras para uma região do mundo que precisa se desenvolver e que precisa fazer isso sendo cuidadosa com o meio-ambiente", afirmou.


Na última quinta-feira (11), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que a negociação com a UE é dura e que o Brasil está reavaliando o acordo.


"A União Europeia, sem crítica direta ao grupo ou a nenhum dos países diretamente, tem um viés muito protecionista. Nós estamos reavaliando o acordo", afirmou o ministro.


O novo presidente


Filiado ao Partido Colorado, a principal força política do Paraguai desde 1950, Santiago Peña foi eleito no mês passado para um mandato de cinco anos.


Peña, 44 anos, é economista com formação nos Estados Unidos e uma passagem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).


Peña foi ministro da Fazenda do Paraguai durante o governo de Horácio Cartes (2013 a 2018) e, durante seu tempo no ministério, ele se filiou ao Partido Colorado, o mais tradicional do Paraguai.


Cartes foi condenado na Justiça e deve ser extraditado dos EUA para o Paraguai. Durante a campanha, Peña teve que dar explicações sobre seu antigo chefe.


O atual presidente, Mario Abdo Benítez, também é do Partido Colorado. Apesar disso Benítez e Peña não são aliados próximos.


Fonte: G1

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