Imperatriz Leopoldinense é a campeã do carnaval do Rio e encerra jejum de 22 anos; relembre desfiles

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Imperatriz Leopoldinense é a campeã do carnaval do Rio e encerra jejum de 22 anos; relembre desfiles


Doze agremiações desfilaram entre domingo e terça-feira na Marquês de Sapucaí. Escola de Ramos, na zona norte da cidade, levou a história de Lampião para a avenida

Porto Velho, RO - A Imperatriz Leopoldinense é campeã do carnaval do Rio de Janeiro de 2023. A escola de samba de Ramos, na zona norte da cidade, encerrou um jejum de 22 anos sem conquistar o título do Grupo Especial carioca. O título coroa a segunda passagem do carnavalesco Leandro Vieira pela escola, que levou à Marquês de Sapucaí a história de Lampião, o rei do cangaço, em uma fantasia envolvendo a tentativa dele de ingressar no inferno e no céu. Recusado em ambos, acabou indo... desfilar na Imperatriz.


O título coroa a segunda passagem do carnavalesco Leandro Vieira pela escola, que levou à Marquês de Sapucaí a história de Lampião, o rei do cangaço Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Em segundo lugar, ficou a Vila Isabel (269,3 pontos); em 3º, Beija Flor (269,2); em 4º, Mangueira(269,1), e em 5º, a Grande Rio (268,6). As seis primeiras colocadas voltam à avenida do samba para o desfile das campeãs no próximo sábado (25). A Império Serrano foi rebaixada para a Série Ouro de 2024, considerada a segunda divisão.

Relembre como foi o desfile de todas as escolas

Império Serrano

Primeira escola a se exibir, o Império Serrano homenageou o compositor Arlindo Cruz. As fantasias e alegorias eram simples, sem luxo, mas não faltou emoção. Arlindo sofreu um acidente vascular cerebral há seis anos e ainda tenta se recuperar. Ele só se expressa (pouco) por meio da fisionomia e desfilou em um trono no último carro alegórico, acompanhado pela mulher, Babi, por outros familiares, amigos e uma equipe médica. Sua passagem pela passarela comoveu a plateia.

Arlindo Cruz, que sofreu um AVC, desfilou com a família e comoveu a Spucaí Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A partir da canção “Meu Lugar”, um dos sucessos de Arlindo e que exalta o bairro de Madureira (zona norte do Rio), onde Arlindo cresceu e onde fica o Império Serrano, a agremiação apresentou a região. Também fez referências à história do Império e a passagens fundamentais da vida do compositor. Alas retrataram músicas como “Camarão que dorme a onda leva” e “Bagaço da Laranja”, duas parcerias de sucesso com Zeca Pagodinho (a primeira também com Beto sem Braço). Também foram retratadose pontos como o Cacique de Ramos, bloco carnavalesco onde surgiu o grupo Fundo de Quintal, que o artista integrou. Houve ainda homenagtens a outros parceiros e inspiradores de Arlindo, como Mano Décio da Viola e Dona Ivone Lara. A religiosidade de Arlindo também foi bastante exaltada.

Grande Rio

Campeã do carnaval do Rio em em 2022, a Grande Rio homenageou Zeca Pagodinho passeando por lugares que fazem parte de sua história à procura do artista. Por fim “encontrou-o” em seu sítio em Xerém, distrito de Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense onde fica a Grande Rio. Ele desfilou no último carro alegórico, abastecido com chope. A escola exibiu fantasias e alegorias muito luxuosas, mas errou na evolução: em pelo menos dois momentos, por conta de dificuldade para movimentar alegorias, abriu espaços entre alas bem na frente das cabines de jurados. Com o atraso, precisou correr no fim e encerrou o desfile faltando apenas 25 segundos para completar o tempo máximo de 70 minutos - se não respeitasse esse limite, seria punida com a perda de pontos.

Zeca Pagodinho foi homenageado pela Grande Rio Foto: PEDRO KIRILOS

Mocidade Independente de Padre Miguel

A Mocidade Independente de Padre Miguel apresentou a história de mestre Vitalino, artista que fazia esculturas com barro e deixou muitos seguidores em Alto do Moura, bairro de Caruaru. A escola apresentou fantasias luxuosas, mas o samba não empolgou e ocorreram pequenos deslizes de evolução.

O enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel enfatizou o legado do artesão e músico Mestre Vitalino. Foto: Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão


Unidos da Tijuca

Quarta escola a se apresentar, a Unidos da Tijuca fez uma viagem pela Baía de Todos os Santos, área da costa brasileira onde estão situadas Salvador e outras cidades baianas, e surpreendeu com um efeito de luzes inédito nos desfiles. Na comissão de frente, a atriz Juliana Alves representou Iemanjá e desfilou sobre uma pequena alegoria que interagia com a comissão de frente. Em um trecho da encenação, a iluminação da pista de desfiles era reduzida e as luzes do próprio elemento cenográfico onde a atriz estava davam a impressão de que ela levitava. O público aclamou a manobra, mas a escola teve problemas técnicos. O último carro alegórico bateu em um viaduto quando manobrava pra entrar na avenida, e um elemento cenográfico (um farol de orientação marítima) foi danificado - atravessou a pista assim. Um tripé passou metade do desfile pendendo para a esquerda, em vez de seguir pelo meio da pista de desfile.

Comissão de frente da Unidos da Tijuca se torna a primeira a fazer uma performance com as luzes apagadas no Carnaval. Foto: Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão


Salgueiro

Com um enredo que questionou o que é pecado e defendeu a liberdade de expressão, o Salgueiro foi a quinta e penúltima escola a desfilar no primeiro dia. Com fantasias e alegorias luxuosas, fez um bom desfile, mas também teve vários problemas técnicos. Os dois primeiros carros alegóricos tiveram dificuldades para entrar na pista, o que ocasionou a abertura de espaço logo no início do desfile. O samba também não foi dos mais empolgantes.

Viviane Araújo, a Rainha de Bateria da Salgueiro. Foto: Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão


Mangueira

A Mangueira encerrou a primeira noite de desfiles contando a saga das mulheres africanas que foram escravizadas e conduzidas à Bahia, e cujos descendentes acabaram chegando ao Rio e à Mangueira. Com um samba contagiante - que rivaliza com o da Grande Rio como o mais popular do ano - e fantasias e alegorias coloridas e adequadas ao enredo afro, a escola foi a que mais contagiou o público - terminou o desfile às 5h55. A ministra da Cultura, a cantora e compositora Margareth Menezes desfilou numa alegoria que representava um trio elétrico.

A Mangueira encerrou o primeiro dia de desfiles Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Paraíso do Tuiuti

A primeira escola a desfilar na segunda noite de exibições foi a Paraíso do Tuiuti, agremiação do morro do Tuiuti, em São Cristóvão (zona norte do Rio) que exaltou o estado do Pará a partir da história da chegada dos búfalos à ilha. Penúltima colocada no concurso de 2022, a escola queria se manter na elite, e certamente atingiu esse objetivo. Fez um desfile correto, em vários aspectos superior a escolas tradicionais como Mocidade Independente de Padre Miguel e Portela, que tiveram problemas com carros alegóricos.

As fantasias e alegorias da Tuiuti eram simples, comparadas à oponência de Salgueiro ou Grande Rio, mas o enredo foi muito bem contado, como é praxe no trabalho da consagrada carnavalesca Rosa Magalhães, maior vencedora de desfiles na “era sambódromo”, como é chamado o período a partir de 1984, quando a atual passarela do samba foi inaugurada. Rosa divide a função de carnavalesca da Tuiuti com João Victor Araújo.


Paraíso do Tuiuti fez um desfile simples, mas correto Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Portela

A Portela, cuja apresentação era a mais esperada da segulnda noite, é a recordista de títulos no carnaval carioca (22) e comemora seu centenário neste ano. Decidiu contar sua própria história na avenida. A escola teve dificuldades na preparação do carnaval, mas havia expectativa de uma apresentação inesquecível e da volta no desfile das campeãs. Mas o terceiro carro alegórico teve problemas desde o início da exibição e quebrou pouco antes da primeira cabine de jurados. Chegou a bater na grade que separa as frisas da pista, e causou a abertura de um espaço de aproximadamente cem metros na pista (que tem 700 ). O desfile, porém, foi histórico pelo enredo e pelas homenagens. O que não faltou foram celebridades e personagens históricos da escola, como Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Marisa Monte, Diogo Nogueira, Luiza Brunet e Adriane Galisteu. Uma novidade foi um conjunto de drones que formaram no céu palavras ou expressões como “Portela”, “100 anos”, “Monarco” e “Clara”, esta referência à cantora portelense Clara Nunes.

A Portela teve problemas no desfile do centenário Foto: Pilar Olivares/Reuters

Unidos de Vila Isabel

De novo sob as ordens do carnavalesco Paulo Barros, a Vila Isabel apresentou festas religiosas pelo Brasil e pelo mundo, um enredo simples, expresso em alegorias e fantasias muito luxuosas e de fácil compreensão. Foi o primeiro desfile que a escola faz sob a gestão do presidente Luizinho Guimarães, filho de Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, contraventor e um dos fundadores da Liga Independente das Escolas de Samba. Ele é figura constante nos desfiles da Sapucaí e iria desfilar junto com o cantor e compositor Martinho da Vila, presidente de honra da escola. Mas desde dezembro Guimarães cumpre prisão domiciliar, sob acusação de ter mandado matar o pastor Fábio Sardinha, assassinado em junho de 2020. Então, restou ao filho Luizinho dedicar o desfile ao pai. A Vila fez um excelente desfile, digno dos melhores momentos de Paulo Barros.

Vila Isabel falou das festas religiosas Foto: Pedro Kirilos/Estadão


Imperatriz Leopoldinense

A Imperatriz Leopoldinense., na segunda passagem do carnavalesco Leandro Vieira (ele já havia trabalhado na escola em 2020, quando a Imperatriz disputou e venceu o concurso da segunda divisão), a escola apresentou uma fantasia envolvendo a morte de Lampião e a tentativa dele de ingressar no inferno e no céu. Recusado em ambos, acabou indo... desfilar na Imperatriz. A história fantástica foi muito bem contada pela escola de Ramos (zona norte do Rio), que esbanjou luxo em fantasia e alegorias.

Imperatriz apresentou uma fantasia sobre Lampião Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Beija-Flor

A Beija-Flor levou um susto a poucos minutos do início de sua apresentação: o carro abre-alas sofreu um princípio de incêndio quando faíscas atingiram material inflamável. Mas o problema foi sanado antes de o desfile começar, então não causou reflexos na avenida. Resolvido esse problema, a Beija-Flor falou sobre os 200 anos da expulsão das tropas portuguesas da Bahia, que ocorreu em 1823 e consolidou a autonomia brasileira frente a Portugal. A escola defendeu a ideia de que essa foi a verdadeira independência do Brasil. Com carros alegóricos e fantasias muito luxuosas e a habitual disposição dos desfilantes, que não pararam de cantar o samba interpretado por Neguinho da Beija-Flor em parceria com Ludmilla.

Unidos do Viradouro

Coube à Unidos do Viradouro, de Niterói (Região Metropolitana do Rio), encerrar a segunda noite de desfiles das escolas de samba do Rio, com uma homenagem a Rosa Maria Egipcíaca (1719-1771), africana que aos 6 anos de idade foi escravizada e trazida ao Brasil. Inicialmente obrigada a fazer serviços domésticos, depois ela foi vendida a donos de minas de ouro, que passaram a explorá-la sexualmente. Como tinha sonhos e visões que se concretizavam, passou a ser considerada bruxa pela Igreja Católica, embora fosse cultuada pelo povo. Foi presa em um convento no Rio, onde aprendeu a ler e escreveu um livro autobiográfico – que teria sido o primeiro escrito por uma mulher negra no Brasil. Com alegorias muito bem trabalhadas, fantasias luxuosas e desfilantes muito animados, a escola encerrou sua exibição já sob os primeiros raios de sol, aos gritos de campeã.


Fonte: Estadão

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