Guerra na Ucrânia: como as armas do Ocidente podem ajudar Kiev e mudar o rumo do conflito

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Guerra na Ucrânia: como as armas do Ocidente podem ajudar Kiev e mudar o rumo do conflito


Ocidente cedeu armas, no começo do conflito, insistindo que eram ‘defensivas’; agora, tipo do equipamento entregue mudou dramaticamente


Porto Velho, RO - 
Dezenas de bilhões de dólares em armas fluíram dos países europeus e norte-americanos para a Ucrânia. Fuzis. Munição. Mísseis. Artilharia.

No começo, esses países insistiram que as armas eram “defensivas”, e tinham como objetivo ajudar a Ucrânia a combater um exército russo agressivo, que tinha invadido a fronteira sem provocação.

Um ano mais tarde, enquanto o exército russo, golpeado mas ainda potente, se prepara para retomar a ofensiva, o tipo de armamento destinado à Ucrânia mudou dramaticamente. Agora, do Ocidente chegam blindados, foguetes de longo alcance e tanques avançados.

A distinção entre armamento ofensivo e defensivo sempre foi um pouco arbitrária. Mas, agora, a Ucrânia terá a capacidade de agir na ofensiva e, potencialmente, expulsar a Rússia do país usando algumas das melhores armas do mundo. Isso significa que, para todos os envolvidos, a aposta aumentou substancialmente.

E o motivo disso não é segredo. Depois de obter sucesso na libertação de imensas áreas no sul e no nordeste do país no segundo semestre do ano passado, as forças ucranianas estariam planejando uma nova contraofensiva este ano. Os países aliados estão buscando em seus arsenais cada contribuição que possa ajudar a contraofensiva planejada a ter as melhores chances possíveis de sucesso.


Para Entender

Em fevereiro do ano passado, quando forças russas invadiram o norte da Ucrânia e avançaram também pela região do Donbas, no leste do país, os Estados Unidos e outros aliados priorizaram o envio de munição, mísseis antitanque disparados sobre o ombro, sistemas de defesa antiaérea e, principalmente, artilharia, incluindo centenas de canhões compatíveis com a munição ocidental.

A artilharia, talvez mais do que qualquer outro armamento, ajudou as forças ucranianas a defender a capital, Kiev, e finalmente deter o avanço dos russos no leste e no sul. Passados mais de onze meses, a Ucrânia recebeu dos aliados nada menos que 750 peças de artilharia e lança-foguetes montados em veículos. Cerca de outras cem peças do tipo estão a caminho.

“Apesar do destaque dado às armas teleguiadas antitanque na narrativa do público, a Ucrânia conteve a tentativa russa de tomar Kiev usando o fogo concentrado de duas brigadas de artilharia”, escreveram Mikhailo Zabrodski, Jack Watling, Oleksander V. Daniliuk e Nick Reynolds em um estudo preparado em novembro para o Royal United Services Institute, em Londres.

Com o ataque russo freado, ou mesmo revertido, em locais como a província de Kiev, a transferência de armas para a Ucrânia começou a incluir mais armas voltadas para o ataque, e não para a defesa. Em remessas sucessivas iniciadas no segundo trimestre do ano passado, a Polônia doou mais de 200 tanques antigos. Alguns eram antigos T-72 do período soviético. Outros eram variantes locais do mesmo modelo.



Esses tanques foram o primeiro indício de uma guinada para o armamento ofensivo estrangeiro. Essa mudança se acelerou em meados do ano passado, conforme os EUA e outros aliados começaram a enviar transportes blindados, veículos ágeis movidos por esteiras, que levam a infantaria até a batalha para que possam dar apoio aos tanques, habitualmente a vanguarda de um ataque. EUA, Países Baixos, Espanha, Lituânia, Alemanha, Austrália e outros países doaram mais de 1.400 desses veículos, em sua maioria modelos americanos M-113.

Os transportes blindados chegaram a tempo de participar de ofensivas ucranianas duplas nas províncias de Kharkiv e Kherson — nordeste e sul do país, respectivamente — que começaram no início do segundo semestre. Explorando brechas nas linhas russas, brigadas ucranianas avançaram rápido pelo território ocupado, cortando as linhas de suprimentos dos russos e forçando dezenas de soldados da Rússia a recuar.

As contraofensivas libertaram milhares de quilômetros quadrados da Ucrânia ocupada, e preparam o terreno para outra possível contraofensiva em algum momento de 2023. Kirilo Budanov, diretor da agência de espionagem militar ucraniana, disse à ABC News no início do mês passado que as forças ucranianas planejavam um grande ataque no segundo trimestre. O ataque teria como objetivo libertar territórios ucranianos mantidos pelos russos “da Crimeia até o Donbas”. Enquanto isso, as forças russas indicaram a possibilidade de lançar ataques próprios para consolidar seus ganhos e frustrar a ofensiva ucraniana.

A perspectiva de ofensivas conflitantes aumentou as apostas na Ucrânia enquanto seus aliados seguem ajustando suas doações de armamentos. Com a chegada de novas armas e o treinamento dos soldados no seu uso, “veremos que os ucranianos também são capazes de avançar e mudar a dinâmica do campo de batalha”, disse aos repórteres no mês passado Laura Cooper, vice-secretária-assistente de Defesa para Rússia, Ucrânia e Eurásia. “Nosso foco é esse.”

Esta nova urgência parece ter instado os EUA e outros países aliados a começar a oferecer seu excedente de veículos de combate de infantaria. São como os transportes blindados, mas possuem mais armamento ofensivo, incluindo canhões automáticos em torres de tiro e mísseis antitanque.

Com seu armamento pesado e velocidade, os veículos de combate de infantaria são particularmente úteis para operações ofensivas. EUA e Alemanha, respectivamente, estão doando à Ucrânia veículos de combate M-2 e Marder. As doações ”proporcionam a blindagem necessária para assumir a ofensiva, para libertar o território ucraniano ocupado pela Rússia”, disse aos repórteres no dia 20 de janeiro o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto, pouco depois de o Pentágono anunciar a doação inicial de 109 veículos M-2 à Ucrânia.

Mas o M-2 e outros veículos semelhantes foram apenas o começo. Mais e melhores veículos logo se seguiram. O Reino Unido prometeu doar 14 de seus melhores tanques Challenger 2. Os EUA ofereceram 31 tanques M-1A2 de última geração.

A Alemanha demorou em aprovar uma doação polonesa de aproximadamente uma dúzia de tanques alemães Leopard 2, indicando a outros países europeus que eles também poderiam fazê-lo. Então, a Alemanha ofereceu à Ucrânia cerca de uma dezena de seus próprios tanques.

Ágeis e potentes, os tanques são um armamento ofensivo por natureza. E as doações de tanques no estilo da Otan, com blindagem sofisticada, sistemas óticos e de controle de tiro, representam “um passo importante no rumo à vitória”, publicou no Twitter o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski.

São também o mais claro sinal de que as armas enviadas pelos aliados da Ucrânia à zona de guerra são cada vez mais voltadas para um ataque, e não para a defesa. E isso sugere algumas mudanças importantes no campo de batalha.


Fonte: Estadão

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