Estuprador em série, ex-policial britânico é condenado 36 vezes a prisão perpétua

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Estuprador em série, ex-policial britânico é condenado 36 vezes a prisão perpétua

David Carrick se declarou culpado de 49 acusações contra 12 mulheres e terá de cumprir no mínimo 30 anos de prisão antes de ser reavaliado


Porto Velho, RO - A Justiça do Reino Unido condenou à prisão perpétua nesta terça-feira, 7, o ex-policial de Londres David Carrick, que cometeu dezenas de estupros e agressões ao longo de quase duas décadas, em um novo escândalo que agrava a crise de confiança na polícia britânica.

A juíza do caso, Cheema Grubb, disse a Carrick que ele cumpriria um total de 36 sentenças de prisão perpétua. Ele terá de cumprir no mínimo 30 anos e 239 dias de prisão antes de um conselho de liberdade condicional considerar reavaliar sua sentença.

David Carrick, de 48 anos, que trabalhou para uma unidade especial da Scotland Yard dedicada à proteção de parlamentares e diplomatas estrangeiros, reconheceu em audiências 24 acusações de estupro contra 12 mulheres entre 2003 e 2020, além de acusações de agressões e detenções ilegais.

Manifestantes em Londres seguram cartazes protestando contra a violência policial e os crescentes casos de abuso sexual na corporação Foto: Adrian Dennis /AFP

Mas algumas estão relacionadas a crimes múltiplos, totalizando quase cinquenta estupros.

É um dos “casos mais chocantes que já tive que lidar envolvendo um policial em serviço”, reconheceu a promotora-chefe, Jaswant Narwal, em janeiro.

De acordo com os investigadores, Carrick conheceu algumas de suas vítimas por meio de aplicativos de namoro e eventos sociais e usou sua posição para ganhar a confiança delas.

O policial reconheceu ter estuprado suas vítimas por meses, em alguns casos anos. Ele as trancava em um pequeno armário embaixo da escada de sua casa por horas, sem comida.

Chamava as mulheres de “escravas”, controlava sua vida financeira e isolou-as das pessoas próximas a elas.

“Ele gostava de humilhá-las e usava sua posição profissional para deixar claro para elas que era inútil procurar ajuda porque ninguém acreditaria nelas”, disse o inspetor-chefe da polícia, Iain Moor.

Durante uma audiência na segunda-feira, a Promotoria fez um discurso angustiante sobre suas agressões “sistemáticas” a partir dos relatos de mulheres “presas” que “não confiam mais na polícia”.

Ele conheceu uma delas em um bar em 2003, garantiu que ela estaria segura com ele, antes de apontar uma arma para sua cabeça e estuprá-la repetidamente.

Outra, que conheceu em um site de namoro, descreveu um “monstro” quando estava bêbado, na maioria das vezes, obrigando-a a fazer tarefas domésticas nua.

Uma terceira relatou que ele batia nela com um chicote, assobiava para ela como um cachorro e a tratava como um objeto que “pertencia a ele e devia obedecê-lo”.

Carrick, afastado da polícia, admitiu “total responsabilidade pelo que fez”, disse seu advogado, Alisdair Williamson.

Crise na Scotland Yard

O caso gerou um novo choque no Reino Unido dois anos após o assassinato da executiva londrina Sarah Everard, de 33 anos, também por um policial que foi condenado à prisão perpétua, e abalou seriamente a confiança na polícia britânica.

A placa da Met Police do lado de fora da sede da New Scotland Yard, em Londres: desconfiança crescente da população na polícia londrina Foto: Shaun Curry/AFP

A vice-comissária da Scotland Yard, Barbara Gray, pediu desculpas “às mulheres que sofreram nas mãos de David Carrick” elogiando sua coragem em decidir testemunhar.

“Deveríamos ter detectado seu comportamento e, como não o fizemos, perdemos oportunidades de removê-lo” do corpo a tempo, acrescentou. O caso foi encaminhado ao órgão de controle interno para apurar o ocorrido.

Durante as audiências foi revelado que a polícia londrina teve conhecimento de várias acusações de violação, violência doméstica e assédio contra o Carrick, mas não houve nenhuma medida disciplinare até sua detenção em 2021.

Em 2021, manifestantes protestaram em frente à sede da New Scotland Yard, em Londres, após morte de Sarah Everard Foto: REUTERS/Henry Nicholls

A outrora respeitável Scotland Yard, maior força policial do Reino Unido, tem sofrido duras críticas nos últimos anos sobre a conduta de seus policiais, especialmente desde o sequestro, estupro e assassinato de Sarah Everard no sul de Londres em março de 2021 por Wayne Couzens, que também trabalhou com o esquadrão.

Um relatório publicado em novembro revelou deficiências na seleção e controle dos policiais londrinos, entre os quais foram relatados “comportamentos misóginos e sexistas”.

A crise de confiança é tão grave que a diretora de uma importante escola de Londres pediu a seus professores que alertassem as alunas “para não permitirem a presença de um policial sozinho com elas em momento algum”./AFP e AP


Fonte: Estadão

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