Grécia congela bens financeiros de vice-presidente do Parlamento Europeu presa em caso de corrupção

Postagens Recentes

3/recent/post-list

Mundo

3/Mundo/post-list

Geral

3/GERAL/post-list

Grécia congela bens financeiros de vice-presidente do Parlamento Europeu presa em caso de corrupção



Presidente da Comissão Europeia disse que alegações contra Eva Kaili e outras figuras importantes da Assembleia comunitária são 'muito sérias'

Porto Velho, RO - 
A Grécia anunciou nesta segunda-feira o congelamento dos bens financeiros da eurodeputada Eva Kaili, uma das vice-presidentes do Parlamento Europeu, presa e denunciada no âmbito de uma investigação sobre corrupção relacionada ao Catar. O escândalo causa tremores em Bruxelas, com a presidente da Comissão Europeia classificando as alegações como "muito sérias".

O presidente da Autoridade da Luta contra a Lavagem de Dinheiro grega, Haralambos Vourliotis, anunciou que foram congelados não apenas os bens de Kaili, mas também de parentes próximos. Segundo a imprensa belga, o pai da agora destituída eurodeputada também foi localizado com uma grande quantia em dinheiro em uma mala.

A medida, que já foi comunicada aos bancos gregos e serviços estatais relevantes, inclui "contas bancárias, cofres, empresas e quaisquer outros ativos financeiros". A autoridade também investiga uma empresa imobiliária recém-inaugurada no luxuoso bairro de Kolonaki, em Atenas, supostamente criada pela eurodeputada recém-expulsa do grupo Socialistas e Democratas (S&D), na Assembleia europeia, e do Partido Socialista Grego (Pasok-Kinal), de centro-esquerda.

Kaili, uma ex-apresentadora de televisão, e outras três pessoas detidas em Bruxelas na sexta foram formalmente acusados no domingo — entre elas, o ex-parlamentar italiano Pier-Antonio Panzeri, também do S&D — de "participação em uma organização criminal, lavagem de dinheiro e corrupção". O pai da eurodeputada e o líder sindical italiano Luca Visentini, que também haviam sido presos, foram soltos após buscas que culminaram na apreensão de €600 mil em dinheiro vivo, além de telefones e computadores.

Apelidado de "Catargate", o escândalo é um dos maiores da história recente da Comissão Europeia e resultado de meses de investigação, segundo o jornal Le Soir. A Justiça belga, que não cita o Catar pelo nome, afirma que um país do Golfo Pérsico ofereceu "quantidades substanciais de dinheiro" ou "subornos importantes" a pessoas com uma "posição política ou estratégica significativa" no Parlamento Europeu para "influenciar nas decisões políticas".

— Essas acusações são extremamente preocupantes. É uma questão de confiança nas pessoas que estão no coração de nossas instituições, e tal confiança pressupõe altos níveis de independência e integridade — disse nesta segunda Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, o Executivo da UE, em seus primeiros comentários sobre o assunto.


Catar nega envolvimento

O governo do Catar nega "categoricamente" qualquer envolvimento com "conduta inapropriada" e garante que suas instituições "funcionam sempre em total cumprimento das leis e regulações internacionais". Kaili tem sido uma defensora contundente do país-sede da Copa do Mundo, recentemente chamando-o de "líder nos direitos trabalhistas" após uma reunião com o ministro do Trabalho catari, apesar da enxurrada de notícias sobre as más condições enfrentadas durante a construção dos estádios.

A presidente do Parlamento Europeu, Metsola, afirmou que o órgão é "firmemente contra a corrupção" e está cooperando "ativa e completamente" com as autoridades. Ela também suspendeu todos os "poderes, obrigações e tarefas" de Kaili como vice-presidente, mas a revocação do cargo demanda uma decisão da conferência de presidentes do Parlamento seguida de um voto na plenária. O escândalo será debatido pela Casa nesta segunda.

Segundo o jornal belga Le Soir, o parceiro de Kaili, Francesco Giorgi, também foi detido. Ele é conselheiro de assuntos do Oriente Médio e Norte da África no Parlamento Europeu e ex-assistente de Panzeri, que presidia a ONG Fight Impunity, ou "Luta contra a impunidade", desde que deixou seu assento em 2019. A organização tem como objetivo promover "responsabilização como um pilar central da arquitetura da Justiça internacional".

A mulher e a filha de Panzeri também foram presas pela polícia italiana. O mandado, segundo o site Politico, acusava o ex-eurodeputado de "intervir politicamente com membros do Parlamento Europeu para beneficiar o Catar e o Marrocos". A polícia também selou o escritório de outro assistente parlamentar que trabalhava para a Fight Impunity, mas hoje faz parte da equipe da eurodeputada belga Marie Arena.


Busca em casa

Arena, que disse não ter sido questionada pela polícia, substituiu Panzeri na liderança da subcomissão de direitos humanos do Parlamento Europeu e trabalha de perto com a Fight Impunity. A casa do eurodeputado belga Marc Tarabella, vice-presidente da delegação para relações com a Península Árabe e copresidente de Esportes da instituição, por sua vez, foi alvo de uma varredura no sábado à noite, mas continua em liberdade.

A busca foi acompanhada pessoalmente por Metsola, que voltou antes de uma viagem à Malta — para que a casa de um europarlamentar seja revistada na Bélgica, demanda a lei comunitária, a presidente da Casa precisa estar presente. Tarabella havia denunciado publicamente a escolha da sede da Copa, mas mudou de posicionamento há cerca de um ano, passando a defender o Catar.

Segundo a agência de notícias italiana Ansa, outro detido em Bruxelas foi Niccolò Figà-Talamanca, diretor-geral da ONG No Peace Without Justice ("Não há paz sem justiça", em tradução livre), que trabalha com a promoção dos direitos humanos, democracia e Justiça no Oriente Médio e no Norte da África. É oficialmente baseada em Nova York, segundo o site Politico, mas compartilha um endereço em Bruxelas com a Fight Impunity.

A No Peace No Justice foi fundada pela ex-eurodeputada Emma Bonino, que também é listada como integrante do conselho da Fight Impunity. Outros membros incluíam o ex-primeiro-ministro francês Bernard Cazeneuve e a ex-chefe de Política Externa europeia, Federica Mogherini — ambos afirmaram que abriram mão dos cargos assim que o escândalo veio à tona.


Fonte: O Globo

Postar um comentário

0 Comentários