Assassinato de petista no Paraná reforça receio de violência na campanha eleitoral

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Assassinato de petista no Paraná reforça receio de violência na campanha eleitoral


Guarda foi morto a tiros durante sua festa de aniversário por apoiador de Bolsonaro, segundo a polícia; presidenciáveis e autoridades manifestaram preocupação com escalada da tensão

Porto Velho, RO - O assassinato de um guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR) no fim da noite de sábado, durante sua festa de aniversário de 50 anos, ampliou o temor de violência nas eleições deste ano. Marcelo Arruda era filiado ao PT e foi candidato a vice-prefeito da cidade paranaense em 2020. Conforme o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, ele foi morto a tiros por Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário federal e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Arruda, segundo o registro policial, revidou e disparou contra o agressor – que até a noite deste domingo permanecia internado em estado grave. Parte da troca de tiros foi registrada por uma câmera de segurança.

Presidenciáveis e autoridades dos três Poderes manifestaram preocupação com uma possível escalada da tensão nas eleições deste ano e condenaram a violência durante a pré-campanha, que terá início oficialmente em agosto.

A festa de aniversário de Arruda, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, estava decorada com símbolos do PT e imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o boletim, Guaranho, que era desconhecido dos convidados, havia interrompido a comemoração e ameaçado os presentes com uma arma na mão momentos antes do crime, por volta de 23h20.

Ele teria chegado ao local em um carro branco, acompanhado de uma mulher com uma criança no colo. Ao descer do veículo, se dirigiu aos presentes dizendo aos gritos: “Aqui é Bolsonaro”, conforme relato descrito na ocorrência.

Guaranho deixou o local e 20 minutos depois retornou sozinho. Foi recebido por Arruda e pela esposa, a policial civil Pamela Suellen Silva. O casal se identificou como agentes da segurança pública. O guarda municipal sacou a arma ao mostrar o distintivo. Neste momento, conforme o registro policial, Guaranho efetuou os dois primeiros disparos, acertando a vítima.

Imagens de uma câmera de segurança mostram quando Arruda, mesmo ferido e já caído, dispara contra o agente penitenciário. A Polícia Civil do Paraná chegou a declarar que Guaranho também havia morrido, mas a informação foi corrigida na noite de domingo.

A repercussão do episódio movimentou grande parte do mundo político em um contexto de disputa polarizada e de acirrada tensão entre petistas e bolsonaristas. Lula declarou solidariedade aos familiares e amigos de Arruda e disse que Guaranho foi influenciado pelo “discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável”.

Horas antes do fato em Foz do Iguaçu, porém, o próprio Lula gerou polêmica por fazer um agradecimento público, durante ato em Diadema (SP), ao ex-vereador Manoel Eduardo Marinho, o Maninho do PT, preso em maio de 2018 após agredir um manifestante na porta do ex-presidente, na capital paulista.

Maninho foi denunciado por tentativa de homicídio. Ele empurrou o empresário Carlos Alberto Bettoni contra um caminhão no dia em que o então juiz Sérgio Moro decretou a prisão de Lula, em abril daquele ano. Na ação, Bettoni bateu a cabeça no para-choque do veículo e teve traumatismo craniano. Maninho do PT ficou preso por sete meses até obter um habeas corpus.

Na noite deste domingo ao se manifestar sobre o crime em Foz do Iguaçu, Bolsonaro pediu “que as autoridades apurem seriamente o ocorrido e tomem todas as providências cabíveis”. O presidente reproduziu mensagens de 2018, nas quais diz dispensar apoio de quem usa da violência contra os opositores, mas acusa a esquerda de historicamente recorrer a essa prática – na campanha daquele ano, Bolsonaro foi alvo de uma facada. Ele ainda cobrou providência “contra caluniadores que agem como urubus para tentar” prejudicá-lo “24 hora por dia”.

O presidente é constantemente criticado por estimular o clima de confronto no País, seja por questionamento às urnas eletrônicas e a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) ou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou por declarações de hostilidade aos adversários políticos. No sábado, por exemplo, voltou a dizer que a campanha será uma “guerra do bem contra o mal”.

‘TRAGÉDIA’

Outros presidenciáveis também se manifestaram. O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, disse que o ódio político precisa “ser contido para evitar que tenhamos uma tragédia de proporções gigantescas”.

Simone Tebet, pré-candidata à Presidência pelo MDB, mostrou preocupação com o acirramento da polarização política no País. “Esse tipo de situação escancara de forma cruel e dramática o quão inaceitável é o acirramento da polarização política que avança sobre o Brasil. Esse tipo de conflito nos ameaça enormemente como sociedade.”

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, tomou o episódio como exemplo para condenar “a intolerância, a violência e o ódio” por motivação eleitoral. “São inimigos da democracia e do desenvolvimento do Brasil. O respeito à livre escolha de cada um dos mais de 150 milhões de eleitores é sagrado e deve ser defendido por todas as autoridades no âmbito dos três Poderes”.

O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), disse que o assassinato em Foz do Iguaçu é a “materialização da intolerância”.

Fonte: Estadão


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