Funcionários de escola em Alexânia relatam perfil agressivo do assassino: "frio"

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Funcionários de escola em Alexânia relatam perfil agressivo do assassino: "frio"



As características destacadas por pessoas que chegaram a conhecer Misael Pereira de Olair e Raphaella Novisk são completamente distintas. Ela, é lembrada pelos traços de bondade e alegria. Para ele, ressaltam a personalidade difícil. Ao não conseguir cruzar o caminho da adolescente da forma como queria, o homem traçou um plano cruel para acabar com a vida dela e com a rejeição que dizia sentir.
Alexânia, cidade com cerca de 25 mil habitantes, agora está marcada por um episódio difícil de ser esquecido. Funcionários da escola não conseguem acreditar no que aconteceu dentro de uma sala de aula, assim como amigos e familiares da vítima, uma menina de 16 anos.
Um servidor da instituição de ensino, que não quis se identificar, descreveu a situação como “surreal”. Ele contou que o assassino confesso conhecia bem a Escola Estadual 13 de Maio, pois havia estudado lá ano passado. “Pelo portão, ele não entraria. Tem um interfone com identificação de imagem  na porta do colégio”, relatou. Misael pulou o muro baixo para entrar e sair, ontem de manhã. Ao falar de Misael, o funcionário o descreve como “uma pessoa terrível”. “Ano passado, estudava aqui e os dois (Misael e Raphaella) tinham amigos em comum, mas as personalidades eram opostas. Ele não respeitava os funcionários, sempre respondia todos e ficava argumentando. Tinha várias advertências”, contou.
Maria Plácida de Lima, ou Lia, como é conhecida, 60 anos, tem um comércio em frente ao colégio e é amiga de parentes de Raphaella. “Ela era tão boazinha. Uma menina da igreja, nunca se envolveu com coisa errada, não queria nada com esse rapaz”, ressaltou Lia. Moradora da região há 25 anos, ela destacou a tranquilidade do bairro e a boa qualidade da escola onde aconteceu o feminicídio. “Nunca vi uma coisa dessas por aqui. Tenho dois filhos que estudaram lá. Meu sobrinho também estuda. Fiquei muito preocupada com ele quando ouvi o barulho dos tiros. Corri para fora da loja e só vi um rapaz mascarado entrar correndo em um carro e sair.”
Perseguição
Na rua onde Raphaella morava, vizinhos estavam nas portas de casa, com o semblante perplexo, ontem à tarde. Ninguém conseguia acreditar no que aconteceu. Em frente à casa simples que Raphaella dividia com os avós, a irmã mais velha e um sobrinho pequeno, familiares e amigos mais próximos se reuniram para tentar consolar uns aos outros. Uma prima da vítima, que estudava na mesma sala dela, contou que, desde 2013, Misael andava atrás de Raphaella.
A situação, segundo a prima, piorou há um ano, quando o jovem começou a persegui-la. “Ele ficava mandando mensagens (pelo celular) para a minha prima. Lembro de uma vez que ele foi à casa dela levar um presente e ela disse que não queria. Ele empurrou o portão e entrou na área da casa, mostrando uma faca”, relatou. A menina disse que Raphaella duvidou da gravidade do telefonema ameaçador que Misael fez a ela no início da manhã de ontem.
“Como ele não se identificou, achamos que era uma brincadeira. Quando entramos na escola, ele estava na lanchonete da frente e ficou nos observando. Ela Raphaella me abraçou e disse que estava com medo”, detalhou a prima, que não havia sido chamada para prestar depoimento, até a noite.
Uma das colegas de colégio da menina assassinada contou que fazia aula de educação física quando o rapaz mascarado entrou no estabelecimento de ensino. “A professora tinha saído, estávamos sozinhos. Achei que era brincadeira”, comentou. A colega fala que a coordenadora chegou, em seguida, e pediu para Misael deixar a escola. “Quando ouvi o primeiro disparo não achei que fosse verdade, mas todo mundo começou a correr e percebi que algo estava errado.”
A segurança é algo que preocupa comerciantes e moradores próximos da escola. Eles relatam que sempre veem  estudantes pularem o muro da instituição. Waltercy Elias dos Santos, 56 anos, tem uma borracharia na parte dos fundos do colégio e acompanha de perto o que a falta de estrutura proporciona. “O governo não investe dinheiro aqui, a diretora sempre faz festas para arrecadar da população, para fazer melhorias”, critica.

Perfis Assassino x Vitíma 

Para os policiais civis e militares que conversaram com ele após o crime, o autor do feminicídio em Alexânia, Misael Pereira Olair, 19 anos, é uma pessoa fria e calculista. O ex-aluno da Escola Municipal 13 de Maio abandonou os estudos no fim do ano passado. Ele mora na cidade com os pais e não tem emprego.
Segundo informações de um coordenador da escola, Mizael era um aluno problemático. Não gostava das recomendações que os professores faziam e, quando deixou os estudos de lado, aos 18 anos, estava no 9º ano, série incompatível com a idade.
Para a delegada Rafaela Azzi, o assassino confesso é uma pessoa astuciosa. Em depoimento à investigadora, o comportamento do atirador surpreendeu pela frieza. “O comportamento sexista o entregou. Não mostrou arrependimento, foi meticuloso, frio e demonstrou ódio”, comentou a responsável pela investigação do crime cometido por Misael.
Policiais militares estiveram na casa do autor dos disparos que mataram Raphaella, mas não encontraram nenhum familiar. Os investigadores acreditam que eles deixaram Alexânia, com medo.
Raphaella Novisk, 16 anos, nasceu em Anápolis, mas se mudou com a família para Alexânia quando ainda era bebê. Calma, estudiosa e prestativa, são alguns dos adjetivos usados pelas pessoas mais próximas para definir a personalidade da menina assassinada dentro da escola, ontem de manhã.
A beleza dela estava aliada à simpatia, segundo familiares, amigos, colegas de turma e educadores. Com a facilidade de convivência, tinha uma enorme rede de amizade. Tanto que não faltava companhia para ir e voltar da escola, a pé.
Dedicada à religião, fazia parte do grupo jovem e do coral da Assembleia de Deus Madureira, no município goiano. Os companheiros do templo cristão a descrevem como assídua, exemplar, que gostava de músicas religiosas. E onde chegava, encantava todos, ressaltam.
Amigas dizem que ela tinha muitos sonhos. Um deles, viajar pelo mundo. Na escola, funcionários a consideravam “acima da média”. Em casa, Raphaella ajudava a avó, que tem limitações para andar, comer, se vestir. Consequências de um derrame. A adolescente morava ainda com o avô, a irmã de 18 anos e o sobrinho, de 2 anos.
A menina linda, que adorava posar para fotos, como a maioria das garotas da idade dela, não era de balada nem de badalação. Ia da escola pra casa, e de casa para a igreja. Não saía à noite nem tinha relacionamentos amorosos.

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