Rondônia paga o menor valor do litro do leite entre os 10 estados produtores no país, aponta Conab

Postagens Recentes

3/recent/post-list

Mundo

3/Mundo/post-list

Geral

3/GERAL/post-list

Rondônia paga o menor valor do litro do leite entre os 10 estados produtores no país, aponta Conab


Apesar do aumento no preço médio do litro do leite, Rondônia fechou agosto de 2021 como o estado que paga o menor valor ao produtor, de acordo com o levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nos meses de agosto e setembro, o produtor recebeu R$ 1,67 pelo litro do leite in natura.

O levantamento apontou que o preço pago em Rondônia é o menor entre os dez estados produtores de leite do país. Minas Gerais é o estado com o melhor preço, já que segundo a Conab, os produtores recebem R$ 2,47 pelo litro do leite in natura. Veja a tabela:

Preço médio paga ao produtor de leite

Estado Preço do litro do leite in natura em ago/2021

Minas Gerais R$ 2,47
Paraná R$ 2,28
Goiás R$ 2,28
São Paulo R$ 2,22
Santa Catarina R$ 2,22
Rio Grande do Sul R$ 2,13
Rio de Janeiro R$ 2,13
Mato Grosso R$ 2,01
Bahia R$ 1,97
Rondônia R$ 1,67

Fonte: Conab

Segundo a Conab, o valor aumentou 19,9% em agosto de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o produtor recebeu R$ 1,39 pelo litro do leite. Em relação a julho de 2021, a alta foi de 8,2%.
Quais as causas do preço baixo?

Conforme o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Rondônia (Faperon), Hélio Dias, três fatores são a causa do baixo valor do leite:
Diminuição do consumo de produtos lácteos durante a pandemia da Covid-19;
Importação de produtos de outros países;
Concorrência com os varejistas autônomos.

Segundo Hélio, os produtores acreditavam que, com a melhora da pandemia no estado, a procura e o consumo de produtos lácteos aumentariam, causando a elevação dos preços, fato que não aconteceu.

Além disso, a concorrência dos produtores regionais com os produtos importados faz com que, produtos locais percam espaço. Hélio informou que já foi cobrado do Ministério da Agricultura a autorização para diminuir as importações de produtos lácteos vindos de outros países, principalmente da Argentina, Uruguai e Estados Unidos.
Aumento nas despesas

Conforme levantamento da Conab, em Jaru (RO) as despesas de custeio da produção de leite aumentaram em 15,93% em relação a 2020. O aumento é paralelo a alta do preço médio do litro do leite.

Despesas da produção de leite

2020 2021 % DE AUMENTO
Custeio de atividades R$ 35.538,02 R$ 43.377,66 22,05%
Despesas financeiras (juros) R$ 533,07 R$ 596,44 11,88%
Custo operacional R$ 56.286,96 R$ 67.684,10 20,24%
Renda de fatores (terra) R$ 30.942,59 R$ 33.445,35 8,08%
CUSTO TOTAL R$ 87.229,55 R$ 101.129,45 15,93%

Fonte: Conab

Dentro dos custos de atividades, três despesas apresentaram alta significativa:
Transporte,
Sal mineral,
Impostos e taxas.

O transporte em 2020 pesou R$ 4,1 mil no bolso dos produtores. Em 2021, o valor foi de R$ 6,9 mil, cerca de 66,66% maior que no ano anterior.

O preço do sal mineral também aumentou. Em relação ao ano passado, a compra do sal ficou 51,68% mais cara. Os impostos e taxas estão 24,13% mais caros que 2020.

Segundo Hélio, algumas medidas são recomendadas para tentar diminuir os custos de produção. São elas:
Piqueteamento de pasto;
Uso de capineira com o capim-açu;
Irrigação e pastagem dos piqueteamentos feitos a base de mão baixa; e
Uso de ração concentrada para a vaca que tiver a genética adequada.

Para o presidente da Faperon, todas essas medidas possuem o intuito de melhorar a alimentação dos animais para, assim, aumentar a produção de leite. Segundo Hélio Dias, as secretarias de agricultura municipais estão contribuindo com a agricultura familiar através da oferta de máquinas e equipamentos.
Preços de referência

O boletim informativo, com preços de referência do leite e de derivados lácteos, foi divulgado pelo Governo de Rondônia. O documento é divulgado todos os meses e, segundo a administração estadual, deve auxiliar as negociações entre produtores e indústrias.

O valor a ser pago em setembro pelo litro do leite padrão é de R$ 1,6667, com variação de R$ 0,0422.

Segundo a resolução do Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite (Conseleite), os valores de referência servem apenas como parâmetros e não precisam ser usados como preço fixo estabelecido, sendo possível a negociação entre o produtor e a indústria, em razão da quantidade de produto a ser ofertado, qualidade, a distância e logística.
Relembre: crise do leite em Rondônia

Em março deste ano, o preço pago aos produtores de leite caiu cerca de R$0,60 e o valor pago aos produtores passou a ser R$ 1,20. Conforme a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (Fetagro) e Faperon, com esse baixo valor, nem os custos de produção conseguiam ser mantidos.

Em consequência disso, no dia 6 de abril, produtores rurais pararam um caminhão em União Bandeirantes, distrito de Porto Velho, que transportava leite até laticínios e em protesto, cerca de 10 mil litros de leite foram descartados na pista. Na ocasião, os produtores pediam o reajuste no valor médio do litro do leite. Na mobilização, cerca de 40% da classe parou de entregar o produto às indústrias.

Como resposta, no dia 15 do mesmo mês, a Seagri propôs criar um "preço de referência" para o leite de Rondônia, como tentativa de solucionar a crise do leite que se estabeleceu no estado. Conforme a proposta, os produtores não seriam obrigados a usarem o valor referência e ele serviria apenas de parâmetro para discussões sobre pagamento.

Ainda em protesto, no dia 19 de abril, três laticínios de Rondônia, sendo um em Urupá, outro de Mirante da Serra e o terceiro em Jaru, pararam de buscar leite junto às indústrias do ramo. Sem ter solucionado o problema, os produtores rurais continuavam a pedir reajuste no valor do litro do leite, que seguia custando a média de R$ 1,20 por litro. No dia 20, a Seagri começou a divulgar os preços de referência do produto.


Fonte: G1 RO
Foto: Seagri/Divulgação

Postar um comentário

0 Comentários