Postagens de revolta contra Bolsonaro e sobre suposta liberdade de Oswaldo Eustáquio movimentam a internet

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Postagens de revolta contra Bolsonaro e sobre suposta liberdade de Oswaldo Eustáquio movimentam a internet

Diversos sites informam a revogação do mandado de prisão do blogueiro, enquanto outros afirmam que é fake news; ex-bolsonaristas demonstram revolta e adesivos do presidente chegam a ser queimados

Maria R. Gabriela

Porto Velho, RO - Desde que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu o fim dos bloqueios de rodovias feitos por caminhoneiros e divulgou uma Carta à Nação para dizer que não teve intenção de agredir os poderes nos discursos do 7 de Setembro, ocorridos em Brasília e São Paulo, muitos apoiadores vêm se mostrando desiludidos com o mandatário.

Durante o protesto, Bolsonaro fez duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), principal alvo das manifestações do Dia da Independência, e afirmou que seu governo não iria mais cumprir ordens do ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de canalha.

Porém, menos de 48 horas depois, o presidente apresentou o gesto de recuo sobre os ataques, o que repercutiu não somente no meio político, mas, também, fortemente, entre seus apoiadores.

Embora uma parte deles justifique a carta como sendo uma estratégia, esse pensamento está longe de ser unânime. Prova disso é que as redes sociais, a exemplo do Youtube, Twitter, Facebook e  WhatsApp, foram invadidas por memes (piadas) sobre a situação, assim como postagens de decepção, indignação e, principalmente, de revolta de eleitores pela atitude do presidente.

Em desabafos, ex-apoiadores divulgam termos e hashtags como “covarde”, “Bolsonaro arregou” e #BolsonaroAcabou,  juntando-se às expressões dos opositores já existentes nas redes, sendo a #ForaBolsonaro a mais conhecida.

Para os que justificam o recuo, a crença é que o passo para trás tenha sido para “tomar impulso” e voltar a atacar o STF com mais força depois.

RADICAIS, OS MAIS DESOLADOS

Pessoas que afirmam ter gasto tempo e dinheiro para fazer o deslocamento e comprar materiais para participar do protesto ficaram possessas. Um dos primeiros líderes a se manifestar foi o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o “Zé Trovão”. Ele chegou a pedir que os motoristas mantivessem a paralisação que havia sido iniciada em rodovias de dezesseis estados e, ainda, que o comércio fechasse as portas para reforçar o protesto contra o STF, mesmo após o próprio Bolsonaro ter solicitado o fim dos bloqueios.

Mais do que isso, Zé Trovão pediu para que os caminhoneiros retirassem as faixas do presidente de seus veículos. Mas, enfim, as manifestações não prosperaram sob seu comando. É bom lembrar que Trovão está foragido (localizado no México) e que o pedido de habeas corpus feito em favor dele por um grupo de deputados foi negado, sexta-feira (10/09), pelo ministro Edson Fachin. Trovão teve seu pedido de prisão determinado pelo STF por convocar as manifestações pró-governo.

Um dia depois, o líder desdisse tudo e voltou a defender o chefe do Executivo Nacional. Era tarde: as críticas de apoiadores do presidente contra o caminhoneiro seguiram nas redes.

DESABAFOS E OFENSAS

Pelo menos por enquanto, o presidente continua sendo alvo de ataques, tanto de internautas da oposição quanto de ex-apoiadores. O pastor Jackson Vilar, organizador de uma “motociata” em São Paulo, em junho, foi à internet demonstrar sua revolta. O religioso divulgou um vídeo em que chama o presidente de “calça frouxa” e “traidor da pátria”, anunciando rompimento com presidente. “Eu não acredito em Bolsonaro mais. (…) Todos foram enganados por esse traidor”, disparou.

Num vídeo que corre pelas redes, uma mulher xinga o presidente, se diz diz traída e acusa que Bolsonaro enganou todo mundo. Essa mulher é Ana Claudia que, lá atrás, nas eleições de 2018, gravou uma cena de felicidade fazendo “trenzinho” com outras pessoas e provocando os aliados da esquerda com a afirmativa de que era “robô do Bolsonaro”.

“O senhor se rendeu aos bandidos do centrão”, denuncia ela agora, completando que “o senhor trocou o juiz Sérgio Moro, que sempre lutou contra a corrupção, pela bandidagem. Tirou delegado da Polícia Federal para colocar no lugar um amiguinho de seus filhos comprometido com a Justiça, enrolados com coisas erradas. (…) Há tempos venho enxergando o que o senhor estava fazendo com o Brasil”, acrescentou, citando a frase do presidente “não sou coveiro” como uma irresponsabilidade na pandemia e um descaso com as vítimas da covid-19.

“Podem me atacar gado, como vocês fazem o dia inteiro com aqueles que se opõem ao presidente… Eu sinto nojo desse gado! Eu sei que há fanáticos em que o amor pelo político é mais forte que (o amor) pelo Brasil. Eu apoio a Lava Jato (operação da PF contra corruptos no governo do PT), eu apoio a Polícia Federal”, destacou a mulher dando um basta ao apoio que dava a Bolsonaro.

Em outro vídeo, um senhor que participou do protesto e gravou imagens no ato apostando no “golpe” e chamando o STF de b…, fez novo vídeo falando que “Bolsonaro não é homem”. Agora, para o internauta, a história é outra: “Bolsonaro, você é era um b…”, tasca o senhor.

Outro homem fala, irritadíssimo, que Bolsonaro logo teria arrependimento e que ele “usou a arminha para dar um deu tiro no próprio pé”. Com muita ironia, o ex-apoiador esclarece que ficou o dia inteiro embaixo do sol para ver o presidente “dar o golpe”, mas o que viu foi uma carta de pacificação. Ele termina a gravação se identificando, revelando número de um documento pessoal e mandando cumprimentos a Alexandre de Moraes. “Acho que aquele cabra é macho mesmo, hein?”, complementa referindo-se ao ministro do STF.

FOGO EM ADESIVOS

Um pequeno produtor rural de Capitão Leônidas Marques (PR) chama Bolsonaro de “político safado, falso e sem-vergonha, que usou o povo”. Ele observa que foi de ônibus com a família até Brasília, a 1.700 quilômetros de sua cidade, tendo gastos e colocando todos em risco.

Depois, o homem retira o adesivo de “Bolsonaro 2022” do vidro do carro e mostra uma pilha de adesivos iguais que tinha mandado fazer em apoio ao presidente. Na sequência, entre xingamentos, coloca fogo num jornal para fazer uma fogueira dos adesivos.

Há, ainda, o vídeo de um homem que também xinga Bolsonaro e afirma estar muito revoltado. Além de qualificar o presidente como sendo covarde, ele assinala que Bolsonaro não teve sequer consideração com os participantes dos protestos e ironiza: “Esse homem é mesmo o escolhido de Deus. Escolhido pra fazer feio e passar vergonha. O gado ficou assando dois dias debaixo daquele sol, ele chega e faz um discurso de apenas quatro minutos onde só falou m… Você que participou dos protestos se olhe no espelho e veja o quanto você foi burro. E se continuar apoiando esse presidente então você é burro. Mas, tem que estudar muito pra ser burro a ponto de continuar defendendo esse presidente”, assevera.

 REORGANIZAÇÃO

Ainda que de forma tímida, apoiadores do presidente, que praticamente ficaram silenciosos após a Carta à Nação, voltam a se organizar. A hashtag “Eu Confio no Presidente” começa a aparecer aos poucos e o ataque a lideranças que romperam com Bolsonaro tiveram início, a exemplo de um vídeo onde a jornalista bolsonarista Regina Villela dispara contra Zé Trovão, entre outros. Segundo ela, os bolsonaristas viraram “massa de manobra” do caminhoneiro. “Esse Zé Trovão nem caminhão tem! Que lideranças são essas, pessoal?”, questiona. Só pra lembrar:  Trovão já voltou atrás no rompimento.

Além de Villela, outros apoiadores de Bolsonaro também saíram distribuindo “pancadas” em lideranças antes idolatradas. E essa guerra entre os bolsonaristas também está fazendo a festa dos opositores, que vão às redes com postagens e memes de todo tipo. Os esquerdistas mais radicais, claro, deitam e rolam…

PERDEU MENOS

Quem acha, no entanto, que o presidente perdeu muito com a Carta à Nação, pode estar enganado. Conforme o monitoramento da consultoria AP Exata, as críticas de agora não se comparam, nem em volume e nem em persistência às que Bolsonaro recebeu no episódio da saída do ex-juiz Sergio Moro do governo, em abril de 2020.

Sem falar que a recuperação de Bolsonaro, junto aos seus eleitores, recomeçou a partir da live em que elepediu calma aos seus apoiadores e sugeriu que o “arrego” teria sido um ato de responsabilidade em prol do país para não atrapalhar a economia.

 E O EUSTÁQUIO?

Outro assunto que está dominado as redes, e a internet como um todo, é a notícia de que o STF teria revogado o mandado de prisão do blogueiro Oswaldo Eustáquio. A informação saiu em vários sites de notícia, porém foi desmentida e anunciada como sendo fake News em outros tantos.

A origem da notícia foi uma publicação do ex-senador bolsonarista Magno Malta, na sexta-feira (10/09). Depois, o blogueiro e a esposa dele também fizeram o mesmo anúncio.

Oswaldo Eustáquio está enrolado com a Justiça no âmbito do inquérito das fake News e, oficialmente, até agora, nada foi confirmado sobre a revogação de seu pedido de prisão.

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