Uerj lembra atentados e morte de aluno durante ditadura

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Uerj lembra atentados e morte de aluno durante ditadura



Há 50 anos, no dia 22 de outubro de 1968, o estudante de Medicina da UERJ Luiz Paulo da Cruz Nunes, morreu aos 21 anos depois ter sido atingido por um tiro durante uma manifestação estudantil em frente à sua faculdade. Cinco décadas depois, o caso ainda provoca comoção em toda a comunidade acadêmica e estudantil, que guarda na figura do jovem universitário um símbolo da luta a favor da democracia e contra a intolerância.

Parar marcar a data, uma série de atos em favor da liberdade democrática serão realizados pela comunidade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Convocamos os veículos de imprensa para a cobertura e nos disponibilizamos para quaisquer informações. Confira abaixo a programação:

Semana de Resistência ao fascismo:

Segunda feira 22/10: 50 anos do assassinato de LUIZ PAULO DA CRUZ NUNES

10 - 12h: Roda de conversa no pátio do CASAF - “Resistência durante a ditadura militar e conjuntura política atual: depoimentos e reflexões com professores do HUPE e da FCM

12 - 13h: Pinturas nos muros da quadra do CASAF - deixe sua mensagem contra o fascismo

Terça feira: panfletagem + atividades do IMS

Quarta feira: panfletagem + atividades do IMS

Quinta feira: panfletagem + atividades do IMS

Sexta feira 26/10: Aula pública em frente ao HUPE na entrada pela 28 de setembro de 10 as 12h, com confecção de cartazes



UERJ REGISTRA CINQUENTENÁRIO DE ATENTADO A BOMBA E ASSASSINATO DE ESTUDANTE PELA DITADURA

Centro acadêmico da Medicina que sobreviveu a atentados e perseguição política faz programação em memória de Luiz Paulo e contemporâneos relembram tragédia



Há 50 anos, no dia 22 de outubro de 1968, o estudante de Medicina da UERJ Luiz Paulo da Cruz Nunes, morreu aos 21 anos depois ter sido atingido por um tiro durante uma manifestação estudantil em frente à sua faculdade. Cinco décadas depois, o caso ainda provoca comoção em toda a comunidade acadêmica e estudantil, que guarda na figura do jovem universitário um símbolo da luta a favor da democracia e contra a intolerância.


O assassinato aconteceu durante a ditadura militar, período marcado pela perda de mandatos de parlamentares oposicionistas, intervenções ordenadas pelo presidente nos municípios e estados e também a institucionalização da tortura. Enquanto alguns professores e ex-estudantes da UERJ lembram do período que testemunharam como um pesadelo, novas gerações de estudantes se engajam para que não precisem passar por nada parecido.


Ainda iniciando a sua carreira como docente da UERJ em 1966, o professor Ivo Barbieri (Instituto de Letras) participou de diversas manifestações e viu de perto a truculência dos militares na época. Ele conta que o caso de Luiz Paulo foi muito impactante dentro da comunidade universitária. “Toda a comunidade ficou consternada. Não podemos deixar cair no esquecimento a memória de um jovem que deu a sua vida em defesa da liberdade democrática. É uma maneira de não deixar que esse passado sombrio e abominável não se repita de forma alguma”, disse Ivo.
Estudante do 10º período de Medicina e presidente do Centro Acadêmico da Medicina Alexander Fleming (Casaf), Paulo Roberto Ximenes, de 21 anos, ressaltou a importância de que as novas gerações tomem conhecimento do caso. “Eu me arrisco a dizer que a maioria dos alunos infelizmente conhece essa história de forma superficial. Essa data é uma oportunidade para resgatar essa história e potencializar a memória de Luiz Paulo como um símbolo pela luta estudantil. Levando em conta o momento político e social em que vivemos, é ainda mais importante esse resgate”, disse Paulo.


O professor Adair Rocha (Faculdade de Comunicação Social), outro militante de grande atuação na época da ditadura, traçou um paralelo entre a época vivida por Luiz Paulo e os dias de hoje. “Relembrar esse caso ganha uma importância ainda maior em um tempo em que questões como a repressão e os preconceitos podem estar de volta e ainda por cima legitimadas pelo processo eleitoral. Que essa memória possa ser revitalizada no sentido da construção da liberdade, que ninguém mais seja morto por pensar ou agir diferente”, afirmou Adair.



Entenda o caso

Luiz Paulo da Cruz Nunes cursava o segundo ano da Faculdade de Medicina da UERJ (na época Universidade do Estado da Guanabara), sendo também estagiário de Patologia. Era membro do movimento estudantil e considerado excelente aluno por seus professores e colegas de Universidade.
De acordo com o médico Lafayette Pereira, colega de turma de Luiz Paulo, os dois estavam com cerca de outros 600 alunos protestando contra a ditadura, em frente ao Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), no bairro de Vila Isabel, quando um camburão da polícia estacionou em frente aos manifestantes e cinco pessoas armadas com pistolas saltaram e descarregaram suas armas contra eles. Cerca de 10 colegas foram baleados, mas o único com gravidade foi Luiz Paulo, atingido na cabeça.
Internado no próprio HUPE, o estudante passou por uma cirurgia, mas não resistiu. “Faleceu na mesa de cirurgia do hospital que ele, ainda jovem, já gostava de frequentar como estudante brilhante que foi. Assisti à luta dos neurocirurgiões para salvar-lhe a vida. Teve duas paradas cardíacas que foram recuperadas e uma terceira, definitiva, às 21 horas”, contou Lafayette.

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